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Saúde, sabor e sustentabilidade em um só gole

Kombucha garante saúde e responsabilidade ambiental sem abrir mão do sabor

Por Edmar Neves

Existem pessoas que possuem hábitos alimentares saudáveis desde que se entendem por gente, havendo ainda as que estendem essa alimentação natural até para os pets! Esses indivíduos dão preferência não só a alimentos orgânicos e benéficos à saúde, evitando os ultraprocessados, mas muitas vezes optam por preparar as próprias refeições com muito carinho e cuidado. Em contrapartida, há pessoas como essa que vos escreve que precisam de um “empurrãozinho” para se atentarem aos alimentos saborosos e saudáveis, buscando uma guinada rumo a uma vida com mais equilíbrio.

Uma cultura de kombucha e dois copos servidos da bebida.
Divulgação

Para a família Abegg-Leyva, essa mudança na alimentação ocorreu devido a um momento bastante triste. “Nós perdemos nossa avó para o câncer em 2013. E, após isso, minha mãe ficou determinada a trazer alguns hábitos mais saudáveis à vida dos filhos”, diz a empresária Raquel Abegg Leyva. “A partir desse momento, ela começou a procurar alternativas mais naturais para os alimentos que faziam parte da nossa rotina”, explica.

Foi em meio a esse processo que ela teve contato com o kombucha, uma bebida amplamente conhecida no mundo e que vem ganhando cada vez mais consumidores no Brasil. “Nesse período, minha mãe foi para a Austrália passar uma temporada com a minha irmã e trouxe de lá um SCOBY, que é uma cultura de bactérias responsável pelo processo de fermentação do kombucha. Ela começou a produzir aqui, sentiu os efeitos positivos no corpo dela e incentivou a gente a tomar também”, relembra Raquel.

Mas o que é o kombucha? 

O kombucha é um chá fermentado, possivelmente de origem chinesa, feito à base da planta Camellia Sinensis, a qual também é utilizada para o chá verde. “Seu preparo é relativamente simples. Ele é feito a partir do chá  adoçado com açúcar. Após o preparo do chá, é acrescentada a cultura de bactérias SCOBY, que consome os açúcares presentes na bebida e produz várias enzimas benéficas para a saúde. Por isso falamos que o kombucha é uma bebida probiótica”, explica Raquel. Após esse primeiro momento, a empresária nos conta que há uma segunda fermentação, na qual a bebida é saborizada com frutas ou suco, e é nesse momento que ela é gaseificada. Todo esse processo leva em torno de 14 a 20 dias.

Para entender os possíveis benefícios da bebida, conversamos com a nutricionista Bruna Prata. Ela nos explicou que ainda são necessárias mais pesquisas científicas para entender todos os efeitos que o kombucha causa em nosso corpo, “mas estudos sugerem que essa bebida fermentada pode ter propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias, devido aos compostos produzidos durante a fermentação”, nos diz. 

Uma pessoa servindo um copo de kombucha.
Divulgação

Além disso, a nutricionista afirma que ter uma microbiota intestinal saudável pode contribuir para o equilíbrio do sistema imunológico e para a saúde digestiva em geral, sendo que os probióticos presentes no kombucha são capazes de auxiliar nesse processo.

Muitas pessoas que consomem relatam melhoras na digestão, por exemplo. Mas talvez ainda seja cedo para associarmos essa melhor digestão à bebida. Sempre costumo enfatizar que nenhum alimento de forma isolada trará benefícios. Devemos sempre avaliar o cenário geral de alimentação do indivíduo”, complementa a nutricionista.

Em relação à forma de consumo do kombucha, Raquel explica que não há um horário específico para tomar a bebida, a qual pode ser ingerida no café da manhã, entre as refeições ou ao longo do dia. “Costumo dizer que a pessoa precisa encontrar, dentro da sua rotina, um horário que mais convém consumi-la. Eu, por exemplo, gosto de tomar no final da manhã ou durante o almoço, mas há pessoas que gostam de tomar no período da tarde, antes de dormir etc.”, afirma a empresária. Nesse sentido, vale salientar que essa bebida é popularmente utilizada como uma alternativa bem mais saudável ao refrigerante.

E o kombucha também se destaca por ter usos bastante diversificados, podendo ser adotado em drinks não alcoólicos e picolés, por exemplo. Já o SCOBY é empregado como um fermento natural de pães, entre tantas outras possibilidades. “Até uma alternativa ao couro está sendo produzida com a base do SCOBY. Nos EUA, foi lançada uma linha de cosméticos com kombucha, ou seja, a bebida também é utilizada como base para outros produtos”, diz Raquel.

Bebida com baixas calorias

Além dos benefícios à saúde e da grande diversidade de subprodutos que podem ser feitos a partir do kombucha, outro atrativo da bebida é seu baixo teor calórico, o qual pode variar dependendo da marca e do processo de fermentação. 

“Em geral, o kombucha tem um teor calórico relativamente baixo. Uma porção típica de 240 ml pode conter cerca de 20 a 30 calorias”, esclarece a nutricionista Bruna Prata.

Comparado a outras bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos adoçados, o kombucha geralmente tem menos calorias. Isso ocorre porque, durante o processo de fermentação, parte do açúcar presente no chá é consumida pelas bactérias e leveduras, resultando em um teor de açúcar final menor”, afirma.

No entanto, a nutricionista lembra que, a depender da marca do produto que é comercializado, pode ser adicionado açúcar após a fermentação, o que aumenta o teor calórico da bebida. “Por isso, é sempre recomendado verificar os rótulos nutricionais para obter informações específicas sobre o teor calórico e a quantidade de açúcar presente no kombucha que você está consumindo”, diz Bruna.

Kombucha como uma oportunidade de negócios

O que começou como um hábito alimentar mais saudável para Raquel e sua família se tornou uma oportunidade de empreendedorismo. “Eu fui para os EUA e provei algumas marcas de kombucha que são comercializadas por lá”, relembra a empresária. “Quando retornei para o Brasil, percebi com a minha irmã que não havia nenhuma empresa comercializando esse produto e decidimos produzir para vender por aqui. Assim nasceu a Tao Kombucha, primeira empresa a produzir comercialmente o kombucha no país”, complementa. 

Divulgação/Tao Kombucha

No começo, o produto era vendido apenas aos amigos da família que sentiam os benefícios de consumir o kombucha, mas logo o negócio cresceu e diversificou seus produtos. “Recentemente lançamos uma linha de chá de guayusa, que é uma superfolha da Amazônia equatorial, oferecendo o chá enlatado e sachês para o preparo em casa – sempre com esse viés de fornecer produtos que agregam à qualidade de vida das pessoas”, explica Raquel. “Também fizemos todos os trâmites para regulamentar o comércio de kombucha no Brasil, fundamos uma associação e fazemos workshops para quem tem interesse de produzir em casa”, diz.

Além de ter o cuidado com a saúde e o bem-estar dos clientes como bandeira, a Tao Kombucha também é muito preocupada com a sustentabilidade. Dentre as iniciativas do empreendimento nesse sentido, destacam-se: a preferência por matérias-primas orgânicas e produzidas por pequenos produtores locais; a utilização de garrafas de vidro e latas de alumínio, a fim de reduzir a produção de embalagens de plástico; e a reciclagem dos resíduos orgânicos gerados, os quais são transformados em adubo.

Bebida saudável, mas que requer alguns cuidados

Mesmo que haja inúmeros benefícios associados ao consumo do kombucha, ainda são necessários alguns cuidados, tanto em relação ao consumo quanto à produção e ao armazenamento do produto. “O ideal é que a bebida seja guardada em ambiente arejado e sem muita exposição ao sol”, explica Bruna. “Certifique-se, também, de fechar bem a garrafa ou recipiente após cada uso, para evitar a entrada de ar e contaminação por bactérias indesejadas”, completa a nutricionista.

Já para quem quer produzir o kombucha em casa, além de tomar todos os cuidados com higienização, de modo a não causar contaminações e intoxicações alimentares, é bom escolher um SCOBY ou bebida de boa procedência. Ademais, é preciso rigor às instruções, a fim de garantir uma boa fermentação e a melhor qualidade possível do produto.

“Se você decidir fazer uma fermentação secundária com sabores adicionais, como frutas ou sucos, armazene as garrafas em local seguro e abra com cuidado, pois a fermentação secundária pode causar uma pressão maior no recipiente”, afirma Bruna.

Sobre o consumo, pessoas grávidas ou que amamentem precisam ficar atentas, tendo em vista o teor de cafeína da bebida, podendo gerar problemas ao bebê. Também é importante que quem tenha problemas gastrointestinais ou sensibilidade a alimentos ácidos beba com moderação. 

“Agora, para quem quer começar a tomar o kombucha, eu indico que sejam ingeridas pequenas dosagens no início, pois essa bebida também pode ter efeitos laxantes”, comenta Raquel.

Um copo de Kombucha
Divulgação

Por fim, sendo uma bebida produzida normalmente de maneira artesanal, um último cuidado diz respeito ao seu possível teor alcoólico, já que a fermentação é parte do processo de produção. “No caso da Tao Kombucha, nossos produtos estão dentro das normas e não são uma bebida alcoólica, mas é bom ficar atento às informações que estão no rótulo (caso a pessoa vá comprar) ou fazer um controle durante a fermentação, para não ter nenhum problema”, afirma Raquel.

Tomando esses cuidados simples, é só se refrescar e aproveitar os benefícios proporcionados pelo kombucha. Dessa maneira, é possível garantir uma alimentação mais saudável e sustentável, com um ótimo e delicioso substituto de refrigerantes e outras bebidas industrializadas.

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