Por Edmar Neves

O ato de comer vai muito além da necessidade de renovar as energias do nosso corpo. Da escolha dos melhores ingredientes ao preparo, degustar um alimento envolve muita criatividade para fazer as combinações certas, cuidados para chegar no ponto ideal de cada alimento, persistência para aprender as técnicas que tragam à comida sabores e texturas que agucem nossos sentidos e nos provoquem prazer, além de personalidade para criar pratos únicos. Abrange também o carinho entre as pessoas e a construção de memórias afetivas que vamos carregar por toda nossa vida.

Mas você já pensou no que seus pets estão comendo? Afinal de contas, as rações industrializadas possuem em sua composição corantes, conservantes e outras substâncias que podem causar estragos na saúde dos animais. Fora que deve ser péssimo comer a mesma coisa todos os dias. Terrível, não é mesmo?

Como alternativa para as rações industrializadas, tutores buscam na alimentação natural uma saída mais saudável e saborosa para garantir a alegria e a qualidade de vida de seus pets. Esse foi o caso da empresária Renata Dania, tutora da cachorrinha, quer dizer, da cachorrona Tarot, de 5 anos. “Antes de adotar a Tarot com um mês de vida, eu já tinha feito várias pesquisas para entender como funciona a alimentação natural para animais, qual a quantidade ideal de comida por dia etc.”, relembra Renata. “Comecei dando iogurte natural que eu mesma faço misturado com frutas e ela adorava”, diz.

Vantagens e delícias da alimentação natural

Renata nos diz que sua família já teve animais de estimação, mas que a Tarot foi a primeira pet que ela teve em sua vida adulta. Por ter a facilidade de trabalhar em casa, conseguir conciliar as tarefas de sua empresa com as domésticas, gostar de cozinhar e preferir alimentos orgânicos, a escolha por uma alimentação natural no lugar da ração industrializada para a Tarot foi a que mais lhe fez sentido. 

“Acho que dialoga com meu estilo de vida proporcionar uma alimentação natural para a minha cachorra. Também nunca fui fã de ração industrializada e noto que a relação da Tarot com a comida caseira é bem melhor”, diz Renata Dania.

E basta chegar próximo da hora de uma das três refeições diárias que a Tarot já fica atenta para saber qual vai ser o cardápio do dia, já que, com a diversidade de ingredientes que podem ser usados para preparar alimentos para pets, sempre há uma novidade.

A empresária também explica que sente uma enorme diferença entre os cachorros de amigos e os de sua família que comem ração e a Tarot, principalmente em relação à sua fisiologia. “Percebo que o cocô dela é sempre uniforme e com o mesmo aspecto, o que mostra que o intestino dela funciona direitinho”, nos conta. “O xixi também não tem uma coloração estranha ou cheiro forte, algo que meus amigos sempre comentam sobre os pets deles”, complementa.

“Eu sigo os outros filhotes da ninhada da Tarot nas redes sociais e o interessante é que eu peguei a menor da ninhada, pois não queria um cachorro muito grande em casa, e surpresa! Ela foi a que mais cresceu de todos. Acredito que parte disso é por conta da alimentação natural que ela come”, diz Renata Dania.

A saúde bucal da cachorrinha também chama a atenção da empresária. “Ela tem 5 anos e não tem um dente com tártaro, também não tem mau hálito. Parece que escova os dentes todos os dias”, explica. 

Outra questão que pode gerar dúvida nos tutores que têm a intenção de adotar uma alimentação natural para os seus pets é o custo que uma dieta desse tipo pode ter. Renata nos conta que, no começo, os gastos com a compra dos ingredientes para o preparo das refeições da Tarot ficavam abaixo do valor normalmente pago em um saco de ração, mas, com a alta dos preços dos alimentos, agora esses custos podem até se igualar. Todavia, é importante reforçar que, com a devida atenção em relação aos ingredientes e ao preparo dos alimentos, há a garantia de uma melhor qualidade de vida para os animaizinhos. 

Atenção e cuidado antes de aderir ao alimento natural

A alimentação natural também demanda vários cuidados, a fim de que a boa intenção de dar mais saúde para os pets através da comida não se torne um problema que pode colocar a vida de quem você ama em risco. Em primeiro lugar, a alimentação natural não se resume em simplesmente substituir a ração industrializada por alimentos como arroz, cenoura e carne. 

É preciso, antes de tudo, consultar um veterinário para avaliar quais as necessidades nutricionais de cada pet, seus possíveis problemas de saúde e, assim, escolher alimentos e complementos de vitaminas que garantirão o bem-estar do animal.

Após as consultas e exames veterinários, é imprescindível pesquisar quais alimentos podem e quais não podem ser dados para os pets, afinal existem comidas que fazem mal para determinadas espécies. Entre estes alimentos estão a cebola, o alho, o tomate, a uva e carnes com temperos fortes, que os animais têm dificuldade em digerir. Há também alimentos industrializados ou processados, como chocolate, frituras, pães, sorvetes, sucos e refrigerantes, que não devem ser oferecidos.

“Algo legal que eu descobri enquanto pesquisava receitas para a Tarot é que alguns temperos podem ser utilizados”, comenta Renata. “Temperos frescos, como coentro, salsinha, gengibre em pó, a cúrcuma etc., que trazem benefícios para a nossa saúde, também podem trazer benefícios para os pets”, completa.

Entre os alimentos aconselhados para animais de estimação estão o arroz integral ou parboilizado, a batata-doce, o chuchu, a cenoura, a vagem, a abobrinha, a carne bovina e a de frango. 

“Normalmente eu uso como base o arroz integral, alguma carne e dois ou três legumes, além do complemento de vitaminas que a veterinária me receitou”, afirma Renata. “O legal é que, com a experiência dos anos, vamos descobrindo quais alimentos eles gostam mais, o que nos ajuda na hora de escolher os ingredientes”, diz.

Agora, um dos grandes desafios para quem quer preparar a refeição dos seus pets é toda a logística que envolve a pesquisa de receitas ideais para cada pet, a compra dos alimentos, o seu preparo e armazenamento, algo que com a correria do dia a dia pode ser bastante complicado de fazer.

“Às vezes eu só percebo que a comida acabou na hora da refeição, aí tenho que improvisar. Também tenho que fazer um grande planejamento quando vou viajar, ou seja, passo o mês inteiro preparando e armazenando porções de comida para a Tarot”, comenta Renata.

Outra questão importante é fazer uma transição gradativa entre a ração industrializada e a alimentação natural, o que pode durar de 8 a 10 dias, para não causar estranhamento nos animais.

Comida com afeto

Renata explica que uma alternativa para quem quer oferecer refeições naturais para seus animais de estimação, mas não tem tempo de prepará-las, é buscar profissionais sérios que trabalham com a venda desse tipo de alimentação natural para pets, já que há no mercado uma infinidade de possibilidades e valores. Cada opção visa às necessidades do animal em específico, focando na orientação de veterinários que realizam exames nos bichinhos para definir quais as suas necessidades nutricionais.

Mas a alimentação natural vai além da cozinha: “sinto que é um momento muito íntimo entre mim e a Tarot quando, por exemplo, eu começo a preparar a comida ou pego um alimento novo e ela vem sentindo o cheirinho e quer provar. É um momento de descoberta entre nós duas e algo que eu não abro mão”, afirma.

“Eu me sinto em paz sabendo que eu posso proporcionar isso para a minha cachorra, vendo o prazer que ela tem em comer. Eu imagino que se o cachorro pudesse escolher entre uma ração seca e sem graça ou um alimento natural, com certeza ele optaria por comer um alimento com sabores e texturas diferentes”, finaliza.