Por Luciana Mendonça
A rotina de trabalho de Diego Dalmaso, designer estratégico na weme, começa pela manhã com a chegada ao escritório. Ele se dirige à sua mesa, liga o computador, pega sua garrafa de água e segue para a copa, onde conversa com colegas. Na volta, para na mesa de um colega e combina o melhor horário para finalizarem uma apresentação. Só então inicia suas atividades.
A cena descrita ocorre com frequência em qualquer ambiente corporativo, mas no caso de Dalmaso essa rotina se diferencia das demais por um detalhe: ela foi toda desenrolada no metaverso da weme. Você sabe o que isso significa?

Antes de falar especificamente da experiência da weme é preciso entender o conceito de metaverso. O termo apareceu pela primeira vez no livro de ficção científica “Snow Crash”, escrito por Neal Stephenson.
Resumidamente, o Metaverso representa a possibilidade de acessar uma espécie de realidade paralela, que pode ou não ser ficcional, na qual as pessoas possam ter uma experiência de imersão.
Tecnicamente, o metaverso não é algo real, mas simula uma sensação de realidade associada a uma estrutura que existe no mundo real. Para ficar mais fácil, basta lembrar da rotina de Dalmaso descrita no início desta reportagem.
Dos games para a realidade
Embora o conceito de metaverso esteja ganhando espaço agora, ele não é novidade, principalmente se pensarmos em jogos como o “Second Life”, no qual as pessoas podiam criar avatares e uma vida paralela completamente diferente da real. O jogo surgiu em 2003, ganhou adeptos no mundo todo até começar a declinar em 2007.

A decadência do “Second Life” e jogos similares deve-se, principalmente, por limitações tecnológicas, tendo em vista que os aplicativos demandam grande capacidade de processamento de dados, o que não havia no período. Soma-se a esse fato a ascensão das redes sociais.
“Grandes empresas como bancos e até partidos políticos, aqui no Brasil, investiram no ‘Second Life’, que não deu certo. Acredito que esse fracasso tenha vindo do fato de que não era o momento mais oportuno. Diferente de hoje, em que o metaverso dialoga diretamente com a dor do que representou o isolamento social”, reflete Dalmaso.
Se fracassou uma vez, por que tem gente retomando a ideia? Mais que isso, por que grandes corporações, como Microsoft e Facebook – que passou a se chamar Meta, em alusão ao conceito –, estão marcando presença nessa realidade paralela? Uma das respostas está ligada aos avanços tecnológicos, que além de baratear o acesso a aparelhos de realidade virtual torna-os mais acessíveis. A melhoria de gráficos também se alinha a esse progresso, ao aumentar o grau de realismo das experiências. O advento do 5G e de melhor qualidade de banda larga são outros facilitadores para a consolidação do metaverso. Esse conjunto de fatores torna essas novas realidades mais atrativas aos usuários.
Do home office para o metaverso
Estudo realizado pela empresa de tecnologia Gartner estima que, em quatro anos, cerca de 25% das pessoas passarão ao menos uma hora por dia no metaverso. Entre as atividades realizadas estão trabalho, educação, compras e diversão.
O estudo também apontou que cerca de 30% das companhias do mundo devem se inserir em espaços virtuais até 2026 por meio de serviços, produtos digitais ou mesmo transferindo todo seu escritório para o ambiente virtual, como fez a weme.

Para além dos fatores tecnológicos já citados, a necessidade de isolamento social causado pela pandemia de Covid-19 motivou as empresas a olharem para o metaverso como uma possibilidade de dar continuidade a suas atividades remotamente, mas com os pés na realidade, já que as telas tendem a cansar mais os usuários.
“A dor do isolamento social, de não poder ver os amigos, as pessoas que amamos, de interagir com os colegas de trabalho, tudo isso favoreceu o desenvolvimento do metaverso”, afirma Dalmaso.
Até 2020, o formato de trabalho da weme era totalmente presencial. Essa realidade foi substituída por uma cultura que a empresa denomina de remote first, o que permite estar espalhada por todo o país a ponto de não haver mais uma sede física da empresa.
“A tecnologia e melhor cobertura de conexão nos permitiu trabalhar e conviver nesse ambiente virtual que simula um escritório real. Não preciso entrar em contato com um colega por telefone ou agendar reunião para falar com ele porque ele está do meu lado no metaverso, o que dinamiza o cotidiano, diferente do trabalho meramente remoto”, defende Dalmaso.