Por Edmar Neves

Já parou para pensar que em todos os círculos sociais há os considerados pais ou mães de pets e de plantas? Na verdade, é provável que você seja essa pessoa conhecida entre seus amigos e parentes por ter uma casa similar a uma floresta e cheia de animais.

Para além de um hobbie ou de uma moda passageira, cada vez mais as pessoas têm dedicado uma quantidade significativa de dinheiro, tempo, amor e carinho para cuidar de suas plantinhas e bichinhos. Com isso, muitas casas ou apartamentos se transformam em um verdadeiro santuário, tendo uma grande diversidade de vida.

Créditos: Divulgação

Entretanto, com o intuito de que essas paixões nacionais não gerem problemas, são necessários múltiplos cuidados. Afinal, é muito comum ter arranjos destruídos por causa da curiosidade dos bichinhos ou acontecer algo pior, como os pets mais traquinas ingerirem alguma planta que possa causar intoxicação.

“Quando eu fazia plantão na emergência de várias clínicas veterinárias, sempre havia casos de animais intoxicados por plantas perigosas, principalmente em cães filhotes, que costumo dizer que é a idade perigosa, por conta da curiosidade, de querer colocar tudo na boca. Por isso, é a fase da vida dos pets que demanda mais cuidados”, é o que nos conta a médica veterinária Fernanda Rodrigues.

Plantas pet friendly

Mas calma, não é preciso se desesperar ou ter que escolher entre suas plantas e animaizinhos, uma vez que nem todas as espécies fazem mal para os pets. Em muitos casos, elas podem até trazer benefícios para a saúde dos animais.

Entre estas plantas, está a camomila. Tal erva possui efeitos calmantes, além de ajudar na cicatrização de ferimentos e na atenuação de irritações de pele. Ela pode ser servida aos pets na forma de chá ou ser colocada em um sachê na água.

Créditos: Divulgação

O famoso catnip, também conhecido como erva-dos-gatos, erva-gateira, gatária ou nêveda-dos-gatos, é outra espécie que gera resultados benéficos – mais especificamente aos gatos. “Essa planta é conhecida por produzir efeitos calmantes ou de agitação (em alguns casos) e deixa os felinos alegres. Mas, ao contrário do que alguns pensam, ela não causa dependência nos animais e pode ser usada quando o animal é arisco, fazendo-o ficar mais dócil e aberto à interação com as pessoas”, afirma Fernanda.

“Outra pergunta que sempre me fazem é sobre quando os animais comem grama por instinto, para aliviar o desconforto no estômago”, continua a veterinária. Segundo ela, normalmente a grama não faz mal para os pets, mas há o risco de ela estar impregnada de algum herbicida ou, ainda, de haver uma espécie tóxica perto dela, o que pode ocasionar acidentes. “Nesses casos eu indico a hortelã, que também alivia dores estomacais e não causa nenhum mal à saúde dos animais”, explica.

Vale citar, também, o caso das plantas com uma beleza ímpar, que são facilmente cultivadas e que não trazem riscos. Entre elas, está o amor-perfeito. Suas flores coloridas não só dão um toque especial para a ornamentação da casa, mas também são comestíveis, sendo usadas em inúmeras receitas de saladas e sobremesas. 

“Outra planta ornamental que não faz mal para os pets e que pode ser utilizada em receitas de saladas e doces é a violeta-perfumada”, explica Fernanda. “Existem também plantas ornamentais que não são comestíveis, mas também não fazem mal para os pets. Entre elas, estão a bromélia, que possui flores lindas, e a lavanda, que é conhecida por ser uma planta aromática muito utilizada em perfumes, sabonetes e produtos de limpeza”, diz.

Cuidado! Plantas tóxicas

Agora, sabendo que nem todas as plantas podem fazer mal aos animais, é fundamental identificar quais são tóxicas. Esse é um assunto que merece atenção, pois o número de espécies que representam algum risco é surpreendentemente alto.

“Muita gente gosta de colocar na porta de casa plantas como a espada-de-são-jorge, dinheiro-em-penca, comigo-ninguém-pode, entre outras, por conta de crendices populares de que essas plantas trazem proteção”, comenta Fernanda. “Só que essas são plantas extremamente tóxicas não só para pets, mas para seres humanos também”, diz.

Entre os efeitos mais comuns ocasionados pela ingestão ou, algumas vezes, pelo simples contato com essas espécies, estão: vômitos, diarreia e aumento da temperatura corporal. Ademais, é possível haver salivação excessiva, sendo que a mucosa, principalmente da boca (onde geralmente há o contato direto), pode apresentar irritações.

Segundo Fernanda, a samambaia é mais uma espécie comumente encontrada na decoração das casas e apartamentos e que pode causar graves danos aos animaizinhos, inclusive levá-los à morte. “Essa planta é toda tóxica. Sua parte mais tóxica parece uma bolinha que normalmente cai no chão e é justamente ela que atrai a atenção tanto de animais quanto de crianças”, diz a médica veterinária. “Normalmente, nos casos que atendemos de ingestão de samambaias, o pet apresenta hemorragias”.

O lírio é outro exemplo de planta bastante utilizada para a ornamentação e que pode gerar problemas graves à saúde dos animais. “Ela parece inofensiva, mas se for ingerida causa insuficiência renal, algo que é gravíssimo!”, alerta a veterinária.

Já entre as plantas que normalmente são cultivadas em hortas, é importante ter atenção redobrada com o tomate, haja vista que suas folhas e caule são prejudiciais à saúde. Outro caso é o da cebolinha, cuja ingestão não é recomendada.

Medidas para evitar acidentes

Caso você queira preservar as espécies pet friendly intactas ou tenha em seu lar alguma dessas plantas que são tóxicas para os animais, é importante intensificar os cuidados, de modo a evitar possíveis acidentes. 

A primeira dica para esses casos é deixar os vasos em um ambiente ao qual os animais não tenham acesso. “Indico deixar as plantas na varanda, no caso de um apartamento, ou em um espaço cercado do quintal, no caso de ser uma casa. Assim, os pets mais curiosos vão ter dificuldades para chegar nas plantas”, comenta Fernanda.

Créditos: Divulgação

Outra alternativa é fazer arranjos suspensos para dificultar o acesso dos animais. Além de ser uma opção bastante prática, ela também pode contribuir para a decoração do lar. “Eu tenho dois cachorros em casa e, como um deles é pequeno e consegue ir na varanda, eu instalei várias prateleiras onde coloco minhas plantas. E mesmo a hortelã eu costumo deixar suspensa, para eles não acabarem com a plantinha”, explica a veterinária.

Adotando esses cuidados simples, as chances de acontecerem acidentes caem consideravelmente. No entanto, é bom reforçar que o ideal para quem quer ter pets e plantas é estar ciente de quais são as espécies que causam riscos à saúde dos animais e evitá-las tanto quanto for possível.

O pet está passando mal. O que devo fazer?

Caso você tenha visto que uma plantinha venenosa sofreu um ataque do seu pet e/ou tenha percebido que o animal apresenta alguns dos sintomas de intoxicação descritos acima, como vômitos, diarreia ou salivação excessiva, a primeira medida deverá ser tentar identificar qual foi a causa do envenenamento. 

“Às vezes pode ter acontecido de o local onde o pet vive ter passado por uma dedetização e ele estar sentindo os impactos disso. Portanto, é importante saber exatamente o que causou o mal-estar no animal antes de tomar qualquer medida”, diz a veterinária.

A especialista ainda explica que, após descobrir o que ocasionou a intoxicação do animal, a próxima ação a ser tomada é rapidamente levá-lo a um médico veterinário e informar o que aconteceu. “Se possível, é bom tirar fotos da planta que causou o mal-estar no animal para que, com essas informações, ele seja medicado corretamente”, afirma.

E o principal: em hipótese alguma dê algum tipo de comida para tentar amenizar os efeitos do envenenamento, como leite, café, azeite etc. Isso porque, dependendo da substância que estiver fazendo mal ao pet, esses alimentos podem piorar o quadro. 

“Nesses casos, a única coisa que pode ser feita é lavar a boca do animal, ou o local em que ele teve contato com a substância tóxica, com água corrente. Mas é imprescindível buscar ajuda veterinária o mais rápido possível, pois isso pode salvar a vida do animal em alguns casos extremos”, finaliza Fernanda.

5 plantas pet friendly