Por Emerson Luchesi

Você já deve ter visto ou pelo menos ouviu falar sobre a inovadora tecnologia de impressão 3D – também chamada de manufatura aditiva – e sua impressionante capacidade de “imprimir”, ou melhor dizendo, produzir objetos sólidos dos mais variados tipos. Esse método de impressão não é tão recente, mas ainda assim tem revolucionado muitos setores da economia, devido ao seu potencial e aperfeiçoamento técnico no decorrer dos anos.

As mais sofisticadas impressoras da atualidade são vistas como “robôs escultores”, os quais podem materializar inúmeros objetos para diversas funcionalidades. Mas, certamente, muitas pessoas se questionam acerca do funcionamento, da utilidade, dos materiais empregados e das peças que podem ser criadas através de tal ferramenta.

Essas e outras informações a respeito do assunto foram concedidas por Felipe Santos, sócio da Oaloo Impressão 3D, que atua no ramo há pelo menos seis anos.

Tecnologia e inovação no desenvolvimento econômico

A tecnologia tem propiciado muitos feitos, incluindo o desenvolvimento de ferramentas surpreendentes que inovam simples tarefas e processos de produção, com redução de custos, tempo e mão de obra. Uma dessas fantásticas criações foi a da impressora 3D, que superou a básica e mais conhecida tarefa de imprimir em papéis e passou a gerar muitos objetos físicos incríveis em três dimensões, a partir de um modelo digital.

As primeiras impressoras 3D surgiram no final da década de 1980, com a finalidade de empregar a tecnologia no processo de construção de protótipos para fabricação de produtos voltados a indústrias e empresas. Desde então, a impressão 3D evoluiu bastante, sendo que hoje se tornou acessível a um público mais amplo e diverso, destacando-se por seu constante progresso e inúmeros benefícios.

Com base em um modelo desenvolvido em computador, a impressora 3D é capaz de construir um objeto físico tridimensional com precisão. Seguindo fielmente as informações do item contidas no arquivo digital, como tamanho, forma e demais detalhes, esse equipamento garante a confecção rigorosa da peça desejada.

Por meio da elaboração de um modelo digital em 3D, as impressoras conseguem materializar um produto de forma automatizada, compondo-o através da adição de material, camada por camada, até formar um objeto.

Essa inovadora tecnologia tem atendido às necessidades de muitas áreas, com destaque aos campos da arte, engenharias, arquitetura e medicina. De peças decorativas, action figures e pequenos brinquedos até próteses e instrumentos cirúrgicos, a impressão 3D tem revolucionado a criação de muitos artefatos, otimizando tempo e reduzindo custos.

Inovação, impressão e empreendedorismo

A Oaloo é uma empresa de impressão 3D que atua no ramo desde 2017, sendo especializada em soluções criativas na produção de brindes, miniaturas personalizadas, troféus e premiações para grandes empreendimentos. Ela também oferece a opção de aluguel de impressoras 3D para eventos corporativos.

Sediada em São Paulo/SP, a companhia é formada por engenheiros, designers de produto e publicitários apaixonados por inovação e criatividade, que desenvolvem soluções únicas para notáveis marcas do Brasil e do mundo.

Segundo Felipe Santos, sócio da empresa, há vários processos de impressão 3D, porém o que a Oaloo mais utiliza é o chamado FDM (Fused Deposition Modeling), o qual materializa os produtos por meio da extrusão. “O processo se realiza basicamente através de um bico extrusor que vai extrudando um filamento de plástico e fazendo um desenho, isto é, compondo um produto camada por camada, até juntar uma peça inteira e formar um objeto por impressão 3D”, explica. Esse ainda é um dos métodos mais populares e baratos do mercado.

O material utilizado pela empresa é o PLA (Ácido Polilático), um plástico biodegradável de origem natural, derivado da cana-de-açúcar. Felipe conta que existem outros métodos de impressão tridimensional mais adotados pela indústria, com aplicação de outros tipos de plásticos e resina, por exemplo. “Nós utilizamos só esse tipo de impressão 3D por conta do material, que proporciona um custo mais acessível a todos. O nosso objetivo é tornar acessível e democratizar esse serviço”, revela o sócio.

Diversas são as possibilidades, entretanto, o custo-benefício depende da finalidade do serviço, além do design, tamanho, tipo de material utilizado e quantidade de itens a serem produzidos. Todos esses fatores influenciam nos custos de produção.

Felipe ainda explica que a fabricação de moldes e protótipos tem um alto custo, pois são criações únicas. Contudo, a confecção de objetos em larga escala, a exemplo de peças a partir de 10 mil unidades, como é o caso da Oaloo, é mais viável. 

Sustentabilidade e acessibilidade na impressão 3D

Com o esforço de minimizar o já reduzido impacto ambiental do processo de impressão 3D, a Oaloo também trabalha para limitar desperdícios e realizar o descarte adequado de materiais. Além disso, uma das principais ações em prol do meio ambiente é o uso de material biodegradável de fontes renováveis.

“O processo que nós utilizamos hoje é bem sustentável. Ele [o PLA] é um material de ciclo de carbono fechado, ou seja, o material é feito a partir de uma planta, a cana-de-açúcar. Não é como o petróleo (matéria-prima do plástico comum), que é um processo de ciclo de carbono aberto, em que você tira o carbono da terra que está enterrado há milhões de anos e insere no ecossistema. Quando nós usamos o PLA, utilizamos esse ciclo de carbono fechado e, se ele for descartado corretamente, ele volta à natureza”, explica Felipe Santos.

Com o avanço e a versatilidade da tecnologia de impressão 3D, vários segmentos se beneficiam desse serviço, ampliando ainda mais as possibilidades de aplicação dessa ferramenta em diversos projetos no mundo. Nesse sentido, muitas empresas passaram a trabalhar em função da demanda de alguns ramos, como da medicina, com a produção de instrumentos cirúrgicos, além do desenvolvimento e impressão de aparelhos auditivos e ortodônticos. 

Nessa linha, destaca-se o campo da acessibilidade, que, apesar de muitos avanços mundialmente, ainda necessita de progresso no cenário brasileiro. Dentre as demandas desse importante setor, podemos citar a produção de fotos, de obras de arte e de outros tipos de objetos tridimensionais que ajudam na experiência sensorial de deficientes visuais. Há de se ressaltar também a elementar confecção de implantes, próteses e órteses.

“Existem muitos trabalhos de próteses e órteses que são desenvolvidos através da impressão 3D, que são peças feitas de forma modular, isto é, peças únicas, com medidas específicas. E o fato de você conseguir personalizar a solução para cada pessoa acaba sendo uma forma ideal para esse tipo de necessidade”, destaca o sócio da Oaloo.

Desse modo, a tecnologia de impressão 3D tem colaborado para a confecção de artefatos essenciais à acessibilidade e a inúmeras e fundamentais demandas da medicina. Versátil, a ferramenta também atende a necessidades de áreas como arte, arquitetura, engenharias, entre outras, facilitando e inovando a realização de pequenos e grandes projetos. Além disso, e não menos importante, muitas empresas têm utilizado em suas criações materiais biodegradáveis de fontes naturais e renováveis, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico, econômico, social e, principalmente, sustentável.