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Entre taças e histórias…

set 2025

Por Daniele Globo

Histórias, encontros e tradições que transformam a bebida em patrimônio cultural — sob o olhar apaixonado de Idinir Janduzzo, sommelier, proprietário da Mercearia 3M e testemunha de gerações.

Por milhares de anos, o vinho acompanhou celebrações humanas. Em tempos antigos, em banquetes de reis, nas mesas de família, ele atravessou impérios e fronteiras, misturando religião, arte e convivência.

Hoje, o Brasil escreve o seu capítulo nessa história. O consumo de vinho por aqui cresceu quase 40% em menos de cinco anos. São mais de mil vinícolas espalhadas pelo país — e milhões de taças que saíram do brinde formal para se tornarem parte da conversa de todo dia.

Em São Carlos, o vinho tem sotaque, memória e laços de família. Mais do que um produto na prateleira, ele carrega histórias contadas em voz baixa, brindes improvisados, amizades longas como as mesas de domingo.

Pouca gente conhece tão bem essas nuances quanto Idinir Janduzzo, há mais de 60 anos, vive cercado por garrafas, rótulos e clientes — ou melhor, amigos.

“Eu não vendo só bebida. Vendo experiência. Cada vinho tem uma história. E eu faço questão de contar.”

A cultura do vinho em São Carlos

Décadas atrás, o vinho era quase um ritual restrito em São Carlos. Produto de festa, lembrança de herança italiana ou espanhola, brinde de fim de ano. Idinir lembra de um tempo em que a oferta era curta e os preços afastavam curiosos.

“Na época, vinho importado era caríssimo. Eu ia para São Paulo buscar caixas, provava antes de vender. Porque não dá para oferecer o que você não conhece.”

Foi esse cuidado que moldou uma clientela exigente, mas também curiosa. Gente que queria aprender. E Idinir virou um professor.

“Eu ensino o cliente a descobrir o gosto dele. Começa num vinho mais leve, depois vai para o mais intenso. O vinho é evolução, não volta atrás.” Em São Carlos, ele ajudou a formar paladares — e a desfazer preconceitos. “Tem vinhos brasileiros excelentes. Falta mostrar isso. Eu faço questão de indicar. O consumidor hoje está mais aberto.”

De tradição à descoberta

Transformar o vinho em parte do cotidiano foi um caminho cheio de mudanças. Idinir viveu cada etapa. “Na época, vinho importado era caríssimo. Eu ia até vinícolas para escolher melhor. Não era só comprar — era entender a história de cada garrafa.”

O cenário mudou. Hoje, mais gente quer explorar novos rótulos, saber de onde vêm, arriscar combinações diferentes. Ele adora ver clientes trocando o conhecido pelo inesperado.

“Hoje você tem vinho bom por 30 reais. Não é coisa de rico. E ninguém toma sozinho. Você compra para dividir, para conversar, para aproximar.”

Ele fala com paixão de suas viagens para aprender: Portugal, Chile, Argentina. Cursos, degustações, visitas a vinícolas. Sempre para voltar e explicar melhor ao cliente.

“Para vender, tem que amar. Tem que saber. Eu não quero empurrar o mais caro. Quero achar o que combina com a pessoa. É lindo ver gerações que eu atendi continuarem vindo. Saber o gosto de cada um. Ajudar a escolher o vinho certo para dar de presente. É cultura viva.”

Vinho como experiência cultural

Para além de São Carlos, o vinho carrega uma herança que ultrapassa fronteiras. Tem história milenar, símbolos religiosos, códigos sociais. Idinir lembra sempre da carga cultural que a bebida carrega. “O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho. Isso não é por acaso. É união, é festa, é partilha.”

Ele explica que o vinho pede conversa. Degustações criam laços. Harmonizações misturam sabores e histórias. “Você vai numa degustação e sai com amigos. Porque o vinho solta o espírito. Aproxima.”

Um brinde ao futuro

São Carlos mudou. O Brasil mudou. Em cada taça servida, há hoje mais curiosidade, menos pressa e um desejo de conhecer o que se bebe. As prateleiras ganharam rótulos nacionais premiados, as conversas ficaram mais curiosas, os brindes mais conscientes.

Idinir acompanha tudo com o olhar calmo de quem sabe que cada garrafa é mais do que líquido: é memória engarrafada. E enquanto a cidade cresce, se reinventa e prova novos sabores, Idinir segue lá, ouvindo histórias, oferecendo o vinho certo para cada uma delas.

Um brinde — à cultura viva que cabe em cada taça.

Vinho em números – Brasil

  • +1.100 vinícolas ativas no Brasil (UVIBRA / IBRAVIN)
  • Consumo per capita cresceu quase 40% em menos de 5 anos (Ideal Consulting)
  • +80% do volume vendido é nacional (UVIBRA)
  • +400 milhões de litros produzidos em 2022 (IBRAVIN)
  • Mais de 60 medalhas para vinhos brasileiros em 2023 – Decanter World Wine Awards 2023

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