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Câncer de mama: cuidados para além do Outubro Rosa

Doença que mata milhares de mulheres por ano no Brasil pode ser diagnosticada com antecedência, ajudando no tratamento e evitando mortes

Por Edmar Neves

Os ditados populares são uma ótima ferramenta para transmissão de memórias e conhecimentos coletivos, além de revelarem muito sobre a cultura e os costumes de um povo. Por exemplo, temos a famosa frase “futebol, política e religião não se discutem”, a qual apresenta um hábito bem brasileiro de evitar certos assuntos na tentativa de não abordar questões que sejam delicadas ou, ainda, que possam causar algum tipo de reação ou sentimento ruim.

No entanto, por mais que determinados temas sejam espinhosos, em muitas situações a população perde bastante ao não encará-los de frente. Isso tanto pela não reflexão sobre questões que podem ser de interesse coletivo quanto pela abdicação de contato com tópicos específicos, o que resulta na perpetuação de diversos mitos e preconceitos.

Detalhe de uma médica segurando o laço que simboliza o combate ao câncer de mama
Créditos: Freepik

Entre esses temas está o câncer, assunto tido como tabu por várias pessoas, já que essa doença remete a muita dor e sofrimento. Assim, vários diagnósticos não são feitos de maneira antecipada por medo e desinformação, além da nossa tradição de mais enfoque na medicina curativa do que na prevenção.

Entretanto, alguns tipos de câncer, como o de mama, costumam apresentar seus sintomas em seus estágios iniciais, e ter um diagnóstico precoce ajuda significativamente no tratamento.

“O câncer de mama é o que mais acomete e mata mulheres não só no Brasil, mas também no mundo. Então é fundamental que tenhamos isso sempre no radar, porque fazer diagnósticos precoces significa não só salvar vidas, como também reduzir os impactos do tratamento”, nos conta a médica mastologista Camila Loureiro.

Para se ter uma dimensão do problema, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2021 houve, entre homens e mulheres, 18.359 mortes causadas pelo câncer de mama. E a idade é um fator de risco importante para a incidência da doença, sendo que, a cada cinco casos registrados no Brasil, quatro ocorrem em pessoas com mais de 50 anos.

Fatores de risco e como se prevenir

Não existe apenas uma causa para o câncer de mama, mas sim uma série de fatores que podem influenciar seu desenvolvimento. Entre esses itens, citam-se os hábitos mantidos ao longo da vida, como uma alimentação desequilibrada, a qual pode levar à obesidade e gerar riscos após a menopausa, a falta de exercícios físicos, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, o tabagismo e a exposição frequente a radiações vindas de exames que utilizam raios X.

Adicionalmente, há questões hormonais e reprodutivas que afetam as mulheres, como ter a primeira menstruação antes dos 12 anos, fazer uso de contraceptivos hormonais, não ter filhos, ter a primeira gravidez depois dos 30 anos de idade e realizar reposição hormonal após a menopausa (principalmente por um período superior a 5 anos).

Mulher sorrindo segurando flores em frente ao peito
Créditos: Freepik

Há também fatores genéticos e hereditários que podem influenciar no aparecimento da doença, como um histórico de câncer de ovário ou de mama na família e alterações genéticas que dizem respeito aos genes BRCA1 e BRCA2.

Todavia, é importante ressaltar que ter um ou mais fatores de risco não quer dizer que a pessoa vai desenvolver câncer de mama. Significa apenas que ela deve redobrar os cuidados para evitar o surgimento da doença, bem como fazer acompanhamentos para o seu diagnóstico precoce.

Sabendo de alguns fatores de risco, fica mais fácil entender o que fazer para a prevenção. Em primeiro lugar, é vital buscar informações em fontes confiáveis, como a cartilha online disponibilizada pelo próprio INCA, ou com médicos especialistas. Estar em dia com o check-up, realizando consultas e exames de rotina, também é uma forma de diagnosticar com antecedência não só o câncer de mama, mas tantas outras doenças.

“Há também ações do dia a dia que ajudam no que chamamos de prevenção primária”, explica Camila.

“Alimentação adequada é um fator importante, assim como ficar atento ao sobrepeso, praticar atividades físicas com regularidade, não fazer consumo abusivo de bebidas alcoólicas e, no caso de pessoas que têm as mutações genéticas, realizar os procedimentos cirúrgicos adequados para reduzir os riscos”, diz.

Já o autoexame é uma forma complementar de avaliação, na qual há o estímulo para a pessoa conhecer o próprio corpo. É mais importante esse conhecimento do que dizer que essa prática vai ser determinante para a identificação da doença. Ou seja, fazer o autoexame não substitui a visita ao médico e a realização dos exames regulares”, afirma a mastologista.

Campanhas como o Outubro Rosa ajudam na prevenção?

A resposta é sim! Mesmo que ainda não haja um calendário oficial em nível nacional ou mundial, na última década vimos uma maior divulgação de datas voltadas à conscientização, vinculando-se cores aos meses que representam uma doença a ser amplamente discutida pela sociedade. Com isso, em tais períodos são fomentados debates específicos através de campanhas de marketing, programas de rádio e de TV, conteúdos para internet, entre outros, dialogando bastante com o conceito de diagnóstico precoce.

Mulher se abraçando.
Créditos: Freepik

No contexto brasileiro, os meses mais estabelecidos são: o Junho Vermelho, que visa incentivar a doação de sangue, já que durante o inverno há uma redução considerável nos estoques dos hemocentros; o Setembro Amarelo, talvez o mais difundido de todos, que tem como objetivo o combate ao suicídio; e o Novembro Azul, com foco em combater o câncer de próstata, doença que matou 16.300 homens no ano de 2021, de acordo com dados do INCA.

No entanto, além desses casos, há campanhas para cada mês do ano, pautando-se em diferentes doenças que podem ser evitadas com hábitos simples de saúde ou, ainda, que têm seu tratamento bastante amenizado caso identificadas antecipadamente.

Isso sem mencionar o internacionalmente propagado Outubro Rosa, que visa realizar campanhas para o diagnóstico precoce e a conscientização acerca do câncer de mama. O movimento foi criado no começo dos anos de 1990, quando ocorreu a primeira Corrida pela Cura, na cidade de Nova York (EUA). Na ocasião houve a distribuição de laços rosa – símbolo da luta contra a doença – para os participantes do evento.

Informações importantes sobre o câncer de mama

Como já foi dito, ainda persistem muitas dúvidas e mitos a respeito do câncer de mama, sendo que a melhor forma de se inteirar é buscando órgãos e profissionais que fazem trabalhos sérios, tanto em relação à divulgação de dados quanto no que diz respeito à prevenção e ao tratamento. Por isso, trouxemos aqui algumas informações disponibilizadas pelo INCA que podem ajudar na identificação da doença. Contudo, é bom reforçar que a realização de autoexames não exclui a necessidade de acompanhamentos médicos.

  • Quais os principais sintomas? 

O câncer de mama pode ser identificado através de caroços que não causam dor e que aparecem geralmente na mama (mas que também podem surgir nas axilas e no pescoço). Outro sintoma comum é a pele da mama avermelhada ou aparentando uma casca de laranja. Também há casos de alterações no bico do peito ou de saída de líquido anormal através dos mamilos.

  • Homens também têm câncer de mama?

Sim. São casos mais raros, mas possíveis, sendo que em 2021 foram registrados 220 óbitos de homens devido a essa doença. Esse também é um fator de risco a ser levado em consideração no histórico familiar.

  • Quem deve fazer mamografia? 

A indicação é que mulheres com idade entre 50 a 69 anos façam a mamografia de dois em dois anos. Para mulheres com menos de 50 anos, há um expressivo nível de resultados incorretos, portanto, deve-se evitar esse tipo de exame. Já em casos com elevada probabilidade de câncer de mama, o ideal é fazer uma avaliação do risco com um médico para que, assim, seja definida qual conduta deverá ser adotada.

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