Por Alexandre Marques

Novas profissões nascem da tecnologia — mas o que vai definir o futuro do trabalho é o que nenhuma máquina consegue copiar: propósito, empatia e adaptação.

Na capa, duas cenas se cruzam no tempo: um casal segura um mapa impresso e uma câmera fotográfica — retrato de um mundo analógico, onde cada descoberta exigia presença. Na imagem seguinte, o mesmo gesto cabe na palma da mão: o celular agora concentra o mapa, a lente e a conexão com o mundo. É a metáfora perfeita para o que vivemos — um tempo em que o trabalho, assim como a vida, deixou de ser físico para se tornar fluido e digital.

A inteligência artificial escreve códigos, traduz textos e até cria imagens. Mas há algo que ela ainda não consegue reproduzir: a essência humana de se reinventar. Em São Carlos — cidade reconhecida pela inovação e pela força acadêmica —, o movimento é visível. USP e UFSCar seguem formando mentes brilhantes, mas o mercado pede mais do que diplomas: pede curiosidade, coragem e flexibilidade.

A transformação digital já não é tendência; é paisagem. Profissões que não existiam há cinco anos hoje lideram contratações: cientistas de dados, engenheiros de IA, especialistas em cibersegurança, analistas de ESG e gestores de produtos digitais. Esses profissionais estão por trás de cada aplicativo que simplifica a vida, de cada algoritmo que salva dados e de cada inovação que parece invisível — mas transforma rotinas inteiras.

Mas e as profissões que ficaram para trás?

Enquanto novas carreiras ganham nome e status, outras perdem espaço. Operadores de caixa, atendentes de telemarketing, digitadores, bilheteiros e revisores manuais dão lugar à automação. Plataformas fazem sozinhas o que antes dependia de várias mãos humanas. Não é o fim das pessoas — é o início de um novo jeito de trabalhar. A diferença está em quem aprende a evoluir junto com as mudanças.

“Extinção”, portanto, é uma palavra injusta. Profissões não morrem — elas se transformam. Um operador de caixa pode virar especialista em atendimento digital. Um fotógrafo tradicional pode se tornar também criador de conteúdo para IA. O futuro recompensa quem não tem medo de reaprender.

São Carlos: onde o trabalho encontra o futuro

Em meio a laboratórios, startups e coworkings, São Carlos vive um dos momentos mais promissores de sua história profissional. A cidade tornou-se um ecossistema que conecta estudantes, empreendedores e empresas em busca do mesmo objetivo: transformar tecnologia em impacto real. Programas como o IAM Founder e espaços como o Onovolab e o Wikilab criam um ambiente fértil para o nascimento de novas carreiras — e para a reconfiguração de tantas outras.

Enquanto a automação redefine funções, cresce o valor de habilidades humanas que nenhuma máquina substitui: empatia, criatividade, ética e visão estratégica. É nesse ponto que o talento carlense se destaca — unindo ciência e sensibilidade, inovação e propósito.

O futuro do trabalho não será dominado por máquinas — será liderado por pessoas que aprendem a pensar como humanos e criar como nunca antes.