Balada boa agora tem hora para acabar — e começa cedo. A Geração Z (jovens de 18 a 30 anos) está trocando as madrugadas por festas diurnas cheias de café, música boa e energia leve. Nas chamadas coffee parties, o que anima não é o álcool, e sim a vibe: dançar de dia, curtir o agora e chegar cedo em casa. Parece estranho? Pois já virou febre em São Paulo.
Por Guilherme Vignini

Essas festas matinais ou vespertinas começaram em metrópoles como Nova York e Londres e desembarcaram com força em São Paulo. Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostra que 68% das pessoas entre 18 e 30 anos preferem eventos diurnos com menor teor alcoólico — e a Geração Z compartilhava fortemente desse comportamento.
Em reportagem publicada na Folha de São Paulo, esse cenário de mudança foi bem ilustrado em depoimentos como o da coordenadora Sara Holanda, de 30 anos: “a gente chega aos 30 e não aguenta mais ficar em pé a noite toda. Prefiro esses rolês mais tranquilos… que começam e terminam cedo”.
O fenômeno não é apenas uma moda: é expressão de um novo estilo urbano. Quem participa dessas coffee parties busca sociabilidade sem ressaca, experiência sem pressa e conexão sem os excessos da vida noturna. Segundo o CNN Brasil, esses encontros refletem uma mudança profunda na forma de celebrar: “menos ostentação, mais conexão. Menos noite sem fim, mais manhãs memoráveis”.
A nova geração está mudando o jeito de se divertir — e o movimento tem aroma de café fresco no ar.
Nada de noite virada, ressaca no dia seguinte ou fila para entrar na balada. Agora, a cena mais quente de São Paulo acontece à luz do dia, ao som de música eletrônica e com um espresso na mão.
As chamadas coffee parties vêm ganhando espaço em cafeterias, parques e até galpões urbanos com cara de jardim secreto. O conceito? Uma festa com cara de brunch, alma de pista e energia boa o dia todo. No lugar dos drinks alcoólicos, cafés criativos: com creme de pistache, sorvete, speculoos ou até uma dose de gin (sim, ele também aparece por lá — mas com parcimônia).
Em eventos recentes, como os que rolaram no Parque Burle Marx e na Rua Paz de Araújo, no Itaim Bibi, o público foi do jovem moderno à mãe com filho no colo — provando que essa tendência não tem idade. A entrada é gratuita, o café é a estrela, e o convite é simples: chegue leve, dance, prove algo novo e volte para casa antes do pôr do sol.
A inspiração vem de fora: Paris, Nova York e Tóquio já surfam essa onda desde o início do ano. Por aqui, o movimento mal começou e já virou febre entre quem quer curtir, mas também cuidar do corpo e da mente. Afinal, como brincou uma das frequentadoras: “A gente ama a festa durante o dia. Quando escurece, a gente já está em casa, descansando. Sono perfeito.”
A aposta é certeira: música eletrônica leve feita por DJs locais, cafés especiais (espresso, cold brew, lattes coloridos), comidinhas artesanais, brunchs e até drinques não alcoólicos à base de café — tudo embalado por sets que vão do house ao techno.
Além de tudo isso, os relatos de quem busca qualidade de vida e bem-estar entre os 20 e os 30 anos reforçam a identidade desse público. São pessoas que acordam cedo para treinar, estudam, trabalham em home office, e não querem gastar o fim de semana se recuperando da festa. Eles valorizam lazer com propósito e presença.
A geolocalização ainda é limitada, mas a tendência vem se espalhando de grandes centros como SP e RJ para cidades médias, o que soa como espaço aberto para iniciativas locais.
Cada vez mais, sair não é sinônimo de abrir mão da disciplina, do descanso ou da produtividade no dia seguinte. É também sobre repensar o valor de um encontro, da conversa olho no olho sem pressa, do café servindo de mote para histórias e risadas.
Por que a Geração Z está escolhendo festas de café em vez da balada?
- Bem-estar físico e emocional: eventos diurnos alinham lazer com sono e autocuidado.
- Possibilidade maior de bebedeiras e escândalos irem parar nas redes sociais.
- Redução do álcool: café como protagonista, consumo consciente.
- Experiência multissensorial: música boa, estética instagramável, cafés especiais.
- Conexão verdadeira: conversas reais, socialização mais significativa.
- Economia inteligente: menor gasto financeiro comparado às festas noturnas.
