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De dentro pra fora: As obras de Silvia Fairbanks

Silvia Fairbanks é artista plástica formada pela FAAP, aquarelista prestigiada e professora de aquarela no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo. A artista já expôs em diversos países, somando menções honrosas e prêmios.

Por Marília Rezende

Entrevistar a pintora Silvia Fairbanks foi uma oportunidade única. As obras dela estavam distribuídas em seu apartamento, abraçando o espaço e mostrando que a arte pode ser acolhedora e intrigante. Na conversa que tivemos, falamos dos seus quadros e seus estudos, já que a artista possui cadernos impecáveis de todos os cursos que fez, inclusive os com grandes mestres, como Ubirajara Ribeiro. Foi uma verdadeira aula, dessas que acontecem casualmente, no sofá da sala. Ao final, Sílvia tinha mudado minha percepção sobre muitas coisas e, em especial, sobre o abstrato. Confira o nosso bate-papo!

Detalhe de um pincel no godê de aquarela.

De onde veio seu gosto pela arte e, particularmente, pela aquarela?

Silvia Fairbanks (S.F.): Eu sempre gostei de desenhar, mas eu não escolhi a aquarela. Eu fui aprender uma vez e a professora colocou um prato branco com três pimentões em cima. Eu não conseguia fazer nada com aquilo. Tinha um brilho neles. Eu não sabia como fazer aquele brilho com aquarela… Eu não sabia nada! Achei muito difícil. Depois, mais tarde, fui com minhas amigas fazer um curso no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e adorei! 

A aquarela consiste na dissolução de pigmento em água e na mistura de cores para obter o efeito desejado. A técnica tem uma característica muito curiosa no que diz respeito ao branco, não é mesmo?

(S.F.): Na aquarela, você não usa tinta branca. O branco é o papel. Então você tem que pensar muito antes da aquarela. E a aquarela é mais leve no papel. (…) Confúcio já pintava aquarela com os alunos dele porque ela possibilita uma conversa com o seu trabalho. Ela te dá a ideia e você continua a ideia – você aceita ou rejeita, tira ou conserva. Ela quer existir! É uma coisa que ganha vida, que você não sabe o que vai sair dali.

três pinturas de orquídea em aquarela.

Qual é o principal questionamento que você já ouviu sobre a sua arte?

(S.F.): Tem muita gente que me pergunta: por que você pinta abstrato? O que que é isso que você pintou? Você imagina um papel branco enorme que você vai trabalhar, você começa com uma pincelada, uma pincelada chama outra…

Como você define o abstrato?

(S.F.): Eu acho que é uma coisa mais íntima. Sai de dentro de você. Você dá vida a uma coisa que não existe. Porque se eu pintar esse vasinho de planta aqui [aponta], eu estou fazendo uma segunda coisa sobre isso. Isto é técnica. E o abstrato é uma primeira coisa que nasceu de mim. Mas se você passar do ponto de equilíbrio, você tem que dar uma volta inteira no trabalho de novo para conseguir o equilíbrio.

Na sua opinião, o que você precisa ter para fazer um trabalho abstrato?

(S.F.):Uma força interior que quer falar isso! 

Dois quadros abstratos.

Então não é algo que se ensina?

(S.F.): Não. Eu me interpreto como o universo. Em algum lugar do universo deve ter alguma coisa dessas, porque dentro de mim existe. 

Você me mostrou um projeto muito singular seu, feito com jornal e que ficou guardado na gaveta, nunca foi exposto. Pode me contar sobre o motivo do jornal ser o suporte? 

(S.F.): A imagem não me traz… Eu não quero que ela me traga, eu quero outra coisa no lugar da imagem. É só suporte. A arte comunica. E eu acho que o que o abstrato fala é que existe muito mais coisa além do que você está vendo no mundo, dentro de você.  Eu nunca sei o que eu vou fazer. Eu não tenho a ideia, eu não penso… Eu sinto. 

No papel branco sai mais abstrato. Às vezes a imagem do jornal como estava lá. Por exemplo, o Papa no meio daquela multidão… Aquela imagem foi muito forte para mim, então, eu deixei, eu não destruí isso. 

Detalhe de uma pintura em jornal.

Essa matéria foi lançada originalmente na nossa revista impressa. Confira aqui.

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