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Festivais sustentáveis focam na redução dos impactos ambientais

Com uma maior preocupação com o futuro do planeta, a sustentabilidade aparece como uma bandeira no mercado de festivais e eventos

Por Edmar Neves.

Desmatamento e queimadas de florestas batendo recordes ano após ano, produção insustentável de lixo, poluição dos rios e dos mares, extinção de espécies e biomas, mudanças climáticas a cada dia mais drásticas… 

As questões ambientais são cada vez mais objeto de preocupação nos diversos setores da sociedade e a busca por soluções sustentáveis para as mais variadas atividades tem se tornado algo central não só entre lideranças mundiais como também entre todas as pessoas.

No mercado de eventos e festivais a sustentabilidade ganha uma especial importância pelo fato das produções culturais terem uma grande responsabilidade na geração de emprego e renda no país, movimentando setores desde a infraestrutura até as atrações artísticas. “É fundamental que se leve a sustentabilidade em consideração, já que o evento em si gera impactos ambientais”, é o que nos explica a consultora ambiental Isabela Lima. Para ela, é impossível não produzir resíduos durante essas atividades, mas dá para reduzir e em alguns casos eliminar a quantidade de lixo que é produzido.

Isabela conta que apesar de existirem desafios para tornar um festival sustentável, há algumas ações simples que podem trazer uma maior sustentabilidade para a produção como, por exemplo, eliminar o uso de ingressos de papel substituindo-os por ingressos virtuais, fornecendo copos ecológicos no lugar de copos de plástico, latinhas de alumínio ou garrafas de vidro,  utilizando materiais recicláveis ou de fácil reaproveitamento para a decoração do espaço, colocando pontos de descarte em locais estratégicos do evento e, na medida do possível, a não utilização de embalagens descartáveis.

“Em um evento conseguimos fazer a eliminação de 100% dos descartáveis na praça de alimentação trabalhando com fornecedores que utilizam embalagens de papel, papelão e outros materiais biodegradáveis”, conta Isabela.

“Isso facilita para quem vai limpar o espaço, assim como para quem vai gerenciar os resíduos produzidos, que pode ser uma empresa, uma cooperativa de reciclagem, entre outros”, explica.

Para garantir a sustentabilidade na organização de festivais existe uma série de normativas e legislações como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) – que versa sobre o gerenciamento de resíduos que podem ser reciclados ou reaproveitados visando à redução dos impactos ambientais – ou, ainda, a NBR ISO 20121, que orienta sobre boas práticas para o gerenciamento de festivais com foco na sustentabilidade, tratando de elementos como impactos sociais, econômicos e ambientais, desde a contratação de fornecedores até o consumo de água.

A sustentabilidade colocada em prática

Oktoberfest Blumenau – Créditos: Divulgação

Entre os grandes festivais brasileiros que investem na sustentabilidade, a Oktoberfest Blumenau criou, em 2022, um plano que visa a compensação de 30% da emissão de carbono de seu evento anterior, plantando quatro mil árvores nativas e reflorestando, assim, uma área de cem mil metros quadrados, além de melhorar o manejo dos resíduos gerados no evento, reduzir a impressão de materiais e estimular o uso de meios de transporte menos nocivos ao meio ambiente como bicicletas, vans, ônibus, entre outros.

Rock the Mountain – Créditos: Divulgação

O Rock the Mountain também retomou suas atividades presenciais em 2022 com uma proposta sustentável fazendo a compensação da emissão de carbono, utilizando biodiesel como uma fonte de energia mais limpa, reciclando os resíduos produzidos e fornecendo água gratuitamente para os participantes, diminuindo a venda de garrafas plásticas.

Coala Festival – Créditos: Divulgação

Já o Coala Festival fechou uma parceria com a Tereos, empresa que se destaca na fabricação de açúcar, etanol, assim como na produção de energia com a biomassa da cana, e assim garantiu que 100% da energia utilizada no evento seja de origem limpa e renovável, através da comercialização de créditos I-Rec.

Festival Se Rasgum – Créditos: Divulgação

Em Belém/PA ocorre há 17 anos o Festival Se Rasgum, um evento independente que respira sustentabilidade. “Dentro de um cenário de proliferação da música paraense sentimos a necessidade de criar um festival que projetasse a música produzida na Amazônia para conectá-la com o Brasil todo”, nos conta Renée Chalu, idealizadora do festival. Trabalhando com artistas de médio porte, o festival já levou para Belém nomes como Gal Costa, Tom Zé, Arnaldo Antunes, entre outros, mesclando figuras que se destacam no meio independente com grandes nomes da música brasileira.

Desde a quarta edição, ocorrida em 2010, há um enfoque na sustentabilidade, já que o cenário do festival dialoga não só com o urbano, pois Belém é uma grande metrópole da região norte do país, mas também com a natureza porque realiza-se no Espaço Náutico Marine Club, que fica na beira do rio Guamá, “por isso temos essa preocupação de fazer um festival na Amazônia que dá atenção ao entorno”, explica Renée.

Entre as ações para garantir a sustentabilidade estão parcerias com ongs e cooperativas da região para a reciclagem e a reutilização de resíduos orgânicos, a realização de oficinas para conscientização da população, além de utilizar copos ecológicos, espalhar bituqueiras e coletores de resíduos pelo espaço. 

“Fizemos ainda uma parceria com o projeto ‘Amazônia de Pé’, que busca assinaturas para aprovar uma lei que prevê 57 milhões de hectares de florestas na Amazônia para proteção dos povos indígenas, quilombolas e pequenos produtores extrativistas”, completa a idealizadora do evento. E é dessa maneira que o festival consegue abranger o “tripé da sustentabilidade”: o pilar social por meio de iniciativas de conscientização da preservação do meio ambiente, o pilar ambiental com ações para a redução dos impactos gerados pelo evento e o pilar econômico, ao estimular a economia local através de parcerias e geração de emprego.

Nem tudo são flores

Apesar de existirem muitas vantagens na organização de eventos e festivais com enfoque na sustentabilidade há também vários desafios para a materialização dessas atividades, já que a própria estrutura do mercado por vezes dificulta diversas ações. “Aqui em Belém, por exemplo, não existem empresas que fazem a reciclagem de vidro e esse problema nós solucionamos destinando esses resíduos para a bioconstrução”, nos conta Renée.

Outra questão que dificulta é a falta de envolvimento dos próprios participantes do evento, que não estão acostumados a estarem em um festival que demanda uma ação coletiva para minimizar os impactos ambientais. É preciso, portanto, redobrar as ações de conscientização durante o evento.

Há, ainda, pouca divulgação das vantagens econômicas, sociais e ambientais de se fazer um evento que se preocupa com o meio ambiente, além da falta de investimentos públicos e privados para a realização de ações sustentáveis, resultando em maiores esforços dos organizadores, que precisam sempre buscar saídas criativas para os problemas. “Mas com a experiência nós vamos aprendendo a nos planejarmos melhor a cada ano, sabendo quais caminhos tomar, quais parcerias são viáveis etc.”, continua a idealizadora do Se Rasgum

Renée finaliza nos contando que para garantir a sustentabilidade de um festival, além de promover ações básicas nos dias da execução do festival, como o manejo consciente dos resíduos e sua reciclagem, é preciso levar a sustentabilidade como o coração do evento, trazendo essas questões desde o momento de pré-produção do evento e realizando, inclusive, ações junto à comunidade com impactos positivos que ficam mesmo depois da sua realização.

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